“...E porque eu sei quais são os meus limites,
é que quero ultrapassá-los.
Não quero migalhas de mim.
Não quero migalhas de mim.
Quero o meu melhor...!
Monalisa Macedo
A questão
do acostumar-se com o pouco ou quase nada acaba com nossa autoestima. Acaba com
qualquer possibilidade de relacionamento. Primeiro porque a relação em si
começa doente. Um que não pode ou não quer dar quase nada e, outro – carente – que aceita o pouco, ou melhor, as migalhas.
Parece
normal? Sabe aquele ditado: “ruim com ele pior sem ele”? Pois é, tem muita gente vivendo assim. Com essa dinâmica, essa tônica.
Imagine que se perderem. Essa sua única fonte de “restos” vai ficar à deriva. Famintos, impotentes, sem poder…
Receber
migalha afeta nossa autoestima e com o tempo vamos achando que é isso o que
merecemos. Que não nascemos para ser totalmente felizes. Que ok, podemos viver
dessa maneira – mendigos ambulantes – à espreita do outro.
De uma
distração sua, ou ainda quem sabe de um “raio” de consideração que esse apresenta vez ou outra. Você deve conhecer
dezenas de pessoas que vivem exatamente como esta colocando. Infelizmente,
caímos nessa armadilha.
Começamos
a relação para investir, achamos que tudo bem – se o outro não estiver totalmente inteiro, tocamos, deixamos o tempo
passar e, quando acordamos, foi-se meses, anos, uma vida – num relacionamento infundado que nunca, nunca vai sair desse marasmo –
até porque foi concebido dessa forma.
Bem,
então, qual o nosso papel nessa relação? Encolher? Não cobrar, não atormentar o
outro com nossos desejos, nossas inquietações, nossos sonhos? Deixar a vida
passar? Não sorrir? Não incomodar?
Enfim,
numa situação que beira o masoquismo – nosso papel se limita a acabar com nossa
felicidade e, o pior, vivermos esfomeados com base na benevolência do outro –
que pode ou não acontecer…
Qual o
papel do outro nessa história além de ser complementar à nossa neurose?
Continuar exatamente como sempre foi – ou seja, mesquinho, inseguro,
indefinido, inconstante. Aquele que dá pouco, muito pouco, tão pouco que a
relação pode se arrastar indefinidamente…
Preste
atenção nisso. Ouvi esse comentário de um mestre: aquele que se preserva para viver relações paralelas ou que não tem
condições de se abrir e viver uma história por inteiro não vive e não deixa
viver.
Pode viver
assim distribuindo afagos poucos indefinidamente – afinal, nada muda em suas
vidas… Aquele que não está presente, não pode atender ao telefone, não
pode te ver, não está nem aí para suas necessidades. Não comparece e – perdoe-me – não são forcas ocultas que o impedem. Não são problemas ligados ao
trabalho, à família, à vida, à frustração etc. e etc.…
Apenas
entenda que este que não pode – NÃO QUER, NÃO TE ESCOLHEU, NÃO VAI ESCOLHER,
NÃO VAI MUDAR… Vai manter tudo como uma história mais ou menos de amor… Ele
pode mudar? Talvez. Quem sabe se um raio cair na sua cabeça e então – BINGO – lá estará ele, pelo menos por um período, cheio de amor para dar…
O que pode
ser esse raio? Um enfarto fulminante, um acidente, uma perda, um acordo
daqueles do tipo – a companheira ou companheiro entram com o pé e ele…
Bem, você
sabe…
Parece
duro, mas não! Não acontece. E então, o que fazer? Nesses casos podemos deixar
tudo como está e parar de reclamar ou pensar em algumas alternativas para fazer
o outro acordar e entrar de vez ou sair da relação. A questão é: estamos
prontos para sair fora? Estamos prontos para começar de novo?
Se sim,
podemos agir de diferentes formas para ver qual a reação do outro – o que
acontece com a relação se mudar… - Primeiro, podemos escolher esfriar para ver
se o outro se liga que existimos de fato. E, então, quem sabe, possamos
investir em resgatar sonhos, desejos, ou seja, mudar o foco… A vida
agradece.
Segundo,
podemos pressionar o outro de vez e dar um prazo, algo do tipo“basta”… E, por último, podemos ainda ROMPER. Por um ponto. Acabar. Terminar.
Escolher viver outra historia. Outra vida, outra relação…
Fácil?
Não. Não e nada fácil. E possível mesmo que seja necessária ajuda psicológica.
Para sair de determinadas relações, precisamos recuperar a autoestima. E isso
nem sempre é tão simples como parece…
De todo
modo, todo passo demanda uma decisão, uma escolha. Depois, no nosso tempo, e só
caminhar… Escolhas, sempre escolhas.
Pensar não
dói... Já as consequências de amar...
Dos diálogos com a Prof.ª Andréa Weffort
Entendimentos & Compreensões
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
Em São Paulo
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